Não há um passado para voltar
- Daniela Mendes
- 21 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de jul. de 2022
Editorial da primeira temporada da Revista Mana.

O que a gente mais vê na internet? Memes de fantasias para cancelar 2020... Chegamos na metade do ano sem sair de casa. Fomos acuadas, restringidas, sufocadas literalmente. Tanto no plano biológico, por um vírus que causa um defeito no nosso sistema respiratório. Quanto pelo avanço de uma necropolítica de feições autoritária, anticientificista e falaciosa.
Nossos planos individuais se viram ameaçados. E a capacidade de projetar foi atingida de forma violenta. É uma escalada mundial de más notícias e o que já apodrecia veio a superfície como a espuma densa de um processo histórico todo atravessado pela hipocrisia de costumes prosaicos e opressão estrutural.
Eu escrevo estas palavras neste momento e penso: ora, isso são modos? São. Basta de escapismo. Não vamos anular 2020 por mais que a gente consiga forjar um delírio gozoso e nos refugiar em hábitos de consumo divertidos e dancinhas de tik tok. Os fatos estão aí. Podemos ter o privilégio de negá-los, mas não temos mais tapete, como antes, para onde esconder nossa miséria.
Contudo, ora vejam só! Do mais lodoso pântano nascem flores lindas. A natureza, sempre selvagem resiste. Vence. Nem tudo é tão malcheiroso e morto. Antes, é adubo. Estimula o renascimento, a criação de um novo mundo e o despertar de ideias. Porque tudo o que até agora aconteceu foi pouco para apagar a chama do mana que envolve de forma ancestral o feminino. Então é necessário olhar não para o que parece impossível, mas para o que se pode fazer, para o que se sustenta por si mesmo e a tudo resiste.
Bem vindos ao futuro! Nós, as manas, estamos prontas!




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