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Girassol para ver o oculto

  • Foto do escritor: Daniela Mendes
    Daniela Mendes
  • 15 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de ago.

Cordão será usado para reconhecer e garantir direitos a pessoas com doenças ocultas em Tiradentes.


Daniele Mufatto mostra o cordão que traz sempre consigo/ Foto: Daniela Mendes
Daniele Mufatto mostra o cordão que traz sempre consigo/ Foto: Daniela Mendes

Tiradentes, MG, agora conta com uma lei específica para a identificação de deficiências ocultas. A norma, proposta pela vereadora Suelen Cruz (PT), aprovada pela Câmara e sancionada em maio, estabelece a oferta do cordão girassol como instrumento de reconhecimento e acesso a direitos para pessoas com doenças ocultas, aquelas que não são facilmente reconhecidas.


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O lançamento oficial ocorreu no evento “Dia D: conscientização sobre doenças ocultas”, promovido pela Secretaria de Assistência Social, ontem (14). O colar, com estampa de girassóis, será distribuído mediante cadastro e apresentação de laudo médico com CID, além de RG e CPF. A triagem é de responsabilidade da prefeitura, que também deve capacitar servidores para atendimento humanizado e promover campanhas de conscientização.


A legislação municipal segue diretrizes nacionais. Em 2023, a Lei 14.624 incluiu o cordão no Estatuto da Pessoa com Deficiência, formalizando seu uso para sinalizar condições como autismo, surdez e doenças crônicas, entre outras. Embora o uso seja facultativo, o objetivo é facilitar a inclusão e o reconhecimento de necessidades específicas.


Suelem Cruz apresenta o projeto na câmara /Foto: Daniela Mendes
Suelem Cruz apresenta o projeto na câmara /Foto: Daniela Mendes

A vereadora Suelen afirma que o acessório carrega mais que um símbolo. “O colar Girassol vai muito além de um adereço. Ele traz direitos e garantias para os usuários. Depressão, por exemplo, ainda é vista por alguns como frescura, mas é um quadro clínico que exige tratamento e acompanhamento especializado. O mesmo vale para o autismo, que não apresenta características físicas e demanda laudos e várias terapias. É fundamental pensar além do acessório e construir políticas públicas de inclusão.


O morador Vinício Jonatas do Amaral, cadeirante, chamou atenção para a falta de acessibilidade na cidade. Ele relatou que, para entrar no evento, precisou ser carregado no colo. “É constrangedor, ainda mais na casa do povo. Até na universidade onde estudo falta acessibilidade. Não adianta criar lei se ela não é atualizada e aplicada”, disse.


Alex /Foto: Daniela Mendes
Alex /Foto: Daniela Mendes

Alex Barbosa, assistente social da Apae Tiradentes, destacou que o capacitismo ainda é enraizado. “Já promovi dinâmicas para que professores experimentassem dificuldades motoras ou visuais durante uma palestra. É preciso se colocar no lugar da outra pessoa para compreender de fato. Essa cultura leva tempo para mudar e precisa ser reconstruída historicamente.”


Vinício /Foto: Daniela Mendes
Vinício /Foto: Daniela Mendes

Para Daniele Muffato, professora e ativista da causa do autismo, o colar também é uma ferramenta de proteção. “Deficiências invisíveis, como TDAH, epilepsia, transtornos de ansiedade e surdez parcial, exigem adaptações para que a pessoa viva em sociedade. Jovens autistas, por exemplo, podem reagir de forma inesperada em uma abordagem policial. Por isso, é essencial que autoridades conheçam e reconheçam o cordão antes mesmo da sociedade em geral.



Entenda


Doenças ocultas abrangem desde condições de saúde mental até deficiências sensoriais ou doenças crônicas. O reconhecimento dessas condições envolve três pilares: conscientização, para combater preconceitos; acessibilidade, para garantir participação plena; e empatia, para promover acolhimento e suporte.


Com o Girassol visível no peito, as pessoas com deficiência em Tiradentes começam a trilhar um caminho para chegar à aplicação dos seus direitos. Ou seja, a meta, segundo os participantes do evento, é que o símbolo se traduza em práticas concretas de inclusão e respeito.

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