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Logo da criadora Daniela Mendes

Chique é estar confortável.

Com a pandemia, as pessoas parecem descobrir o que já é para Flávia Oliveira de Souza um fato há muito tempo: a liberdade como ideia básica das roupas.

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Flávia Oliveira de Souza, estilista Lóris/foto divulgação

Quando a gente chamou a Lóris para o nosso editorial de moda, fomos recebidos com um: “Maaaaana do céu! Dei até um grito aqui”, da estilista e advogada Flávia Oliveira de Souza. Foi lindo! Afinal, a gente quase não existia, estávamos com medo dela não topar. Mas logo em seguida ela disse de onde vinha a felicidade de participar: ter a marca ao lado de iniciativas como a nossa.


Ao procurar um nome para sua empresa, a imagem que veio para Flávia era a de um pássaro. Por isso, começou a pesquisar nome dos animais com asas. “E aí eu encontrei esse nome que é de uma espécie de pássaro. E achei esse nome que é bem fluido, que é Lóris”, narra.


E, como se estivesse numa gaiola, interrompe a conversa para lamentar não podermos nos conhecer. Mas Flávia está livre, livre e criativa. O telefone que deu um problema, nos obrigando a ficar fazendo gravações no whatsapp tornando o papo menos fluído. Mas ela falava que tinha muito pra gente conversar como se fossemos velhas amigas. Pronto, estávamos à vontade!

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Era uma vez...


E Flávia começou a contar sua história... Que a mãe pernambucana é costureira desde os 16 anos de idade. E o pai é um carpinteiro, paraibano. Os dois se conheceram em Paulo Afonso, na Bahia, e vieram para Belo Horizonte em busca de uma vida melhor. “Minha mãe comprou uma maquininha e costurava em casa. Criou os quatro filhos junto com meu pai”, narra a saga e com orgulho emenda que, dos filhos, foi a única que aprendeu o ofício materno aos oito anos.


“Não existe uma roupa para um corpo homem e um corpo mulher. Pelo menos, não deveria. As roupas são uma forma muito importante de comunicação com o outro. E pra mim o conforto sempre foi um bom fio condutor da minha comunicação”. Flávia Oliveira de Souza

Sempre gostou da costura, mas foi ser advogada. Formou, fez mestrado em Portugal, voltou para o Brasil e começou a advogar na área criminal. Em 2015, uma amiga lhe aconselhou a criar a marca. Flávia seguiu o conselho, mas no ano seguinte ficou muito atarefada dando curso de formação de soldados da Polícia Militar e aulas em uma faculdade.



O desenvolvimento da marca.


Só em 2017, já sem lecionar, que Flávia foi realmente dar um gás na Lóris. O conceito da marca construiu-se aos poucos através de suas vivências e experiências de vida. Através de um contato com a população carcerária sentiu de perto as condições de exclusão. E hoje tem esse objetivo de fazer peças atemporais, versáteis, agênero e em pequena escala.


Mas o que mais lhe tocou foi a exclusão dentro da exclusão, como ela mesma diz, ao se referir às pessoas trans encarceradas. “Eu comecei a estudar mais esta questão, comecei a ir mais a fundo e a marca foi acontecendo. Eu não fiz um branding. Eu fui juntando a Lóris com a minha experiência jurídica”, explica.

“Eu acredito que a pessoa dentro de casa, trabalhando dentro de casa, estando mais tempo consigo mesma, com o próprio corpo vai percebendo ali algumas modificações do próprio corpo. Estas pessoas vão querer mais conforto. Muita gente que não pensava na roupa dessa forma vai mudar”. Flávia Oliveira de Souza

Soma-se a isso algo que está intrínseco em Flávia: o desejo da liberdade dos corpos. “Não existe uma roupa para um corpo homem e um corpo mulher. Pelo menos, não deveria. As roupas são uma forma muito importante de comunicação com o outro. E pra mim o conforto sempre foi um bom fio condutor da minha comunicação”.


Vista Lóris


O conforto da Lóris está intrínseco na peça com uma modelagem mais ampla. E, embora a marca fuja das tendências para oferecer aos seus clientes uma experiência o mais original possível, agora parece que mesmo sem planejar está no alvo da moda.


Mas Flávia acredita que o processo é natural. “Pensando as marcas como um significado, como um símbolo, como possibilidade de transmissão, de ser livre para expressar sua própria identidade, fazer roupas para vestir corpos não tem como se não for uma roupa ampla com conceito confortável, com uma modelagem sem muito isso do homem e da mulher”, analisa.


Com isso, Flávia acredita que a Lóris comece a ser mais percebida. “Eu acredito que a pessoa dentro de casa, trabalhando dentro de casa, estando mais tempo consigo mesma, com o próprio corpo vai percebendo ali algumas modificações do próprio corpo. Estas pessoas vão querer mais conforto. Muita gente que não pensava na roupa dessa forma vai mudar”, diz ao mirar a moda de um futuro, que talvez seja melhor depois disso tudo.


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Quer mais Lóris?



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