21 dias e um sonho
- Daniela Mendes
- 9 de jul.
- 3 min de leitura
Flávia tem 21 dias para arrecadar a quantia de 50 mil para fazer uma fertilização in vitro depois de lutar contra o câncer de mama.

O cirurgião Maxwell Maltz cravou 21 dias como tempo necessário para mudanças de hábitos. São várias as tradições esotéricas e espirituais que trazem o número como símbolo de renovação e criatividade. Bem o que hoje marca para a fisioterapeuta Flávia Guilarducci, que além de lutar contra o câncer busca realizar o sonho de ser mãe.
Flávia tem 32 anos, nasceu em Barbacena (MG), é fisioterapeuta, mestranda e mãe atípica de um adolescente com autismo que chegou à sua vida em 2019. Ser mãe é um desejo que ela carrega desde a infância, quase como um dom. Tanto que não esperou engravidar: adotou antes. E mesmo quando era criança, sempre preferiu bonecas de ninar às Barbies independentes, que têm um mundo só delas.

Aos 29 anos, Flávia recebeu o diagnóstico de câncer de mama, causado por uma mutação hereditária no gene BRCA2. Para se proteger, precisou passar por mastectomia e retirada dos ovários. Hoje, enfrenta a necessidade de retirar também o útero, por conta de um espessamento grave provocado pelo bloqueio hormonal usado para evitar a volta do câncer.
Ao lado da dor de Flávia está o sonho de gerar uma nova vida, de doar seu tempo, afeto e corpo para acolher alguém. "Minha mãe faleceu de câncer de mama em 2009 e meu pai, de câncer de próstata, no ano passado. Logo depois veio o diagnóstico da minha irmã, Janina. Eu e meus irmãos temos a mesma mutação genética que causa a doença. Encarei tudo com consciência e resignação, retirei as mamas e os ovários, mas quando falaram que eu teria que tirar o útero, aí a minha forma de encarar a doença ficou diferente", lembra.
Flávia lida melhor com o câncer de mama do que com a ideia da infertilidade. A maternidade sempre foi um desejo profundo. Quando ouviu pela primeira vez que poderia ficar infértil por causa da quimioterapia, o desafio se tornou mais duro. "É claro que o diagnóstico me deixou triste, mas eu já conhecia o que viria, porque vivi isso com a família. Só que não esperava que fosse antes de engravidar, já que minha mãe teve câncer mais velha."
Ser mãe é responsabilidade, entrega e transformação. A fisioterapeuta sabe muito bem. Ela e o marido adotaram Cauam, com deficiência intelectual e autismo, quando ele tinha 9 anos. Hoje, aos 14, o filho é a maior prova do quanto ela está disposta a se doar.
Antes da quimioterapia, conseguiu congelar óvulos sem custo em uma clínica. Para ser uma gestante, precisa fazer uma fertilização in vitro, que gera o embrião em laboratório e o implanta no útero. O plano é engravidar e, na cesariana, retirar o útero ao mesmo tempo.
O procedimento custa cerca de 40 mil reais, fora hospedagem e taxas do aplicativo de crowfunding, chegando a 50 mil no total. Parte já foi usada para exames e medicamentos, mas a maior quantia ainda precisa ser arrecadada e o tempo corre: são apenas 21 dias até o limite seguro dado pelos médicos.
Ela já está usando hormônios para preparar o corpo, mas, por ter tido um câncer hormonal, não pode fazer isso por muito tempo, pois aumenta o risco da doença voltar. Além disso, o útero já apresenta espessamento anormal e hemorragias graves, exigindo a retirada imediata. Mas Flávia resiste e conta com a solidariedade das pessoas, talvez porque, só quer ser feliz depois de tanta luta.
A vaquinha está aberta para quem quiser ajudar, mesmo com doações pequenas. Como ela mesma diz: "só precisamos de 50 mil pessoas doando um real".
Pix: (32)991309602
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